Em sua 17ª edição, a Marcha da Maconha Fortaleza ocupou a Beira Mar neste domingo (25), defendendo a legalização da cannabis, o acesso ao uso medicinal e denunciando os impactos do proibicionismo nas periferias. A manifestação contou com atividades culturais, depoimentos de pacientes e críticas à PEC das Drogas.
Não é crime. É cuidado. É resistência.

Manifestantes celebraram a cultura canábica e defenderam direitos, com destaque para o uso terapêutico da planta e a resistência às políticas de repressão.
Pautas e reivindicações
Com o tema “Paz na favela, maconha no quintal. Queremos reparação e justiça social”, a marcha deste ano enfatizou a luta contra o proibicionismo e a favor da regulamentação da cannabis para fins medicinais e recreativos.
Os manifestantes também protestaram contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 45/2023), conhecida como “PEC das Drogas”, que visa criminalizar o porte de qualquer quantidade de substância ilícita. Segundo os organizadores, a aprovação da PEC aumentaria o encarceramento de pessoas negras e periféricas, além de dificultar o acesso ao uso medicinal da cannabis.
Uso medicinal da cannabis: o centro do debate
O destaque deste ano na Marcha da Maconha Fortaleza foi a defesa contundente do uso medicinal da cannabis, com foco em sua importância terapêutica e no direito à saúde.
Durante o evento, dezenas de pacientes e familiares compartilharam depoimentos emocionantes sobre os benefícios dos tratamentos com derivados da planta. Bruna Barbosa, por exemplo, relatou como o tratamento com óleo de cannabis transformou a sua vida e a de seu filho, ambos diagnosticados com fibromialgia e Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Bruna não está sozinha. O uso medicinal da cannabis no Ceará tem mobilizado milhares de famílias que lutam pelo direito ao tratamento, enfrentando ainda a burocracia, o preconceito e os altos custos de importação.
Nesse contexto, a marcha também serviu para divulgar a realização da Feira Canábica do Ceará, ocorrida dias antes, em 17 de maio, na Praça da Gentilândia. O evento ofereceu atendimentos gratuitos, orientações jurídicas e rodas de conversa com foco na autonomia dos pacientes, destacando associações e coletivos que promovem o acesso seguro e responsável aos derivados da cannabis.
Os organizadores reforçaram que o uso medicinal da planta deve ser garantido como uma política pública de saúde, com apoio às pesquisas, regulamentação clara e proteção dos direitos dos pacientes e dos produtores artesanais que atuam de forma ética e transparente.
Cultura e arte como resistência
A marcha também foi marcada por atividades culturais, incluindo apresentações artísticas e performances. Uma trupe de palhaços, formada por artistas do Brasil, Colômbia e Argentina, utilizou a arte como forma de protesto e conscientização.
Essas expressões culturais reforçaram a importância da arte na luta por direitos e na desconstrução dos estigmas associados à cannabis.
Contexto político e avanços legislativos
O evento ocorreu em meio a debates na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) sobre o uso medicinal da cannabis. A deputada Larissa Gaspar (PT) enfrentou críticas após convidar a população para participar da marcha, enfatizando que seu apoio era voltado exclusivamente ao uso terapêutico da planta.
O Projeto de Lei nº 1014/2023, que visa regulamentar o uso medicinal da cannabis no estado, avançou na Alece, recebendo parecer favorável na Comissão de Constituição, Justiça e Redação.
O avanço legislativo foi celebrado durante a marcha como um importante passo para a segurança jurídica dos pacientes e das associações que hoje sustentam, na prática, o acesso ao tratamento.
Imagens do evento




Esta matéria foi elaborada com base em informações disponíveis até o momento e visa contribuir para o debate sobre políticas de drogas mais justas, inclusivas e voltadas ao bem-estar das famílias e pacientes que dependem do acesso seguro e regulamentado aos derivados da cannabis.